O deputado estadual Samuel Junior (Republicanos) fez duras críticas, na manhã desta terça-feira (5), à condução dos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante entrevista ao programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM). Em conversa com o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, e com os jornalistas Matheus Morais e Gomes Nascimento, ele afirmou que a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro, levanta sérias dúvidas sobre a legalidade do processo.
Liberdade ameaçada e judicialização da política
Segundo Samuel Junior, há um desequilíbrio claro na forma como a Justiça tem tratado figuras públicas, principalmente da direita. Para o deputado estadual, isso se reflete no cerceamento da liberdade de opinião e expressão.
“A forma como tem tratado esse processo do ex-presidente Bolsonaro me parece muito mais que é uma saga que ele colocou no coração de fazer. Quando a gente observa todo o processo legal, existem várias etapas que vêm sendo puladas”.
De acordo com o parlamentar, o silêncio de outros setores, como o Congresso Nacional e a própria imprensa, agrava ainda mais o cenário, transformando o que seria uma garantia constitucional em um privilégio de poucos. Samuel apontou ainda que outros políticos foram vítimas de “crimes de opinião” e essa perseguição atinge diretamente os fundamentos da democracia.
Bolsonaro inelegível e Tarcísio como principal nome da direita
Mesmo diante do cenário de inelegibilidade de Bolsonaro, Samuel Junior acredita que o ex-presidente ainda exerce forte influência política. Para o deputado estadual, atualmente, o ex-mandatário do país é o maior cabo eleitoral da direita e sua base de apoio popular continua sólida.
“O Bolsonaro hoje tem uma capacidade de agremiação de massa que nem o atual presidente consegue fazer”, avaliou Samuel.
O parlamentar ressalta, no entanto, que dificilmente o ex-presidente conseguirá reverter sua condição jurídica, o que torna urgente a construção de uma nova liderança para o campo conservador. Neste contexto, Samuel vê o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como a opção mais viável, embora admita que sua proximidade com Bolsonaro também possa trazer desafios.
Segundo ele, figuras do entorno do ex-presidente atrapalham a articulação de uma candidatura unificada e sólida. Para o deputado, o momento é de acelerar o processo de escolha do candidato.
“Não se constrói uma candidatura para presidente da República da noite para o dia. Precisamos vencer essa etapa. O presidente Bolsonaro não terá condição de ser candidato. Isso está posto pela Justiça.”
Distanciamento com PT e limites na relação com governo Jerônimo
Questionado sobre a relação entre o segmento evangélico e o governador Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, Samuel Junior afirmou que há respeito institucional, mas diferenças ideológicas profundas que inviabilizam uma aliança política real.
“Nós pensamos diferente. As pautas que o PT defende não se encaixam com os nossos sentimentos”, disse.
Apesar disso, o deputado reforçou que a oposição deve agir com inteligência e responsabilidade, sem desrespeitar os adversários. Ele também criticou o apoio de nomes ligados ao segmento evangélico que integram o governo estadual, como o ex-deputado estadual Heber Santana (Podemos), e disse que a aproximação entre os dois campos é improvável.
Oposição na Bahia e a construção para 2026
Sobre o futuro político do Estado, Samuel Junior defendeu que o Republicanos tenha espaço na chapa majoritária da oposição em 2026. Segundo ele, o partido é hoje um dos principais aliados do vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, com três deputados estaduais e três federais na Bahia, e deve participar ativamente da formação do grupo opositor.
“Com exceção da federação entre União Brasil e PP, o Republicanos é o maior partido do grupo de Neto. Acho que temos condições reais de ganharmos a eleição em 2026. São 20 anos do mesmo grupo político no poder. Está na hora de virar a chave.”
Samuel acredita que o ex-prefeito de Salvador tem se reestruturado após a derrota na última eleição e que uma candidatura sólida a presidente da República será decisiva para impulsionar as chances da oposição no Estado. Para ele, o fator Lula foi determinante em 2022, mas hoje o presidente sofre desgaste e já não mobiliza os mesmos apoios.
“Hoje Lula tem um grande desgaste. As promessas que foram feitas não têm chegado na casa das pessoas de baixa renda”, afirmou.
Ainda sobre as eleições de 2026, o deputado também citou nomes como o ex-ministro e presidente estadual do PL, João Roma, além das prefeitas de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União Brasil) e de Morro do Chapéu, Juliana Araújo (PDT), como possíveis candidatos à majoritária pela oposição.
Sobre o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), apontado como um dos gestores que se aproximou de Jerônimo e pode voltar a fazer parte da base governista, Samuel minimizou. Para ele, há uma diferença entre cordialidade institucional e adesão política.
“A gente precisa separar o abraço institucional com o abraço de estar no grupo”, declarou.
Fonte: Muita Informação