DIRETO DO LEGISLATIVO – Jefferson Beltrão entrevista Samuel Junior, deputado estadual

Foto: Felipe Iruatã - Ag. A TARDE

A TARDE – POLÍTICA – Salvador, quinta-feira, 20/01/2022

O senhor é um dos críticos do formato virtual adotado pela Assembleia Legislativa da Bahia durante a pandemia. A direção da Casa exagerou nos cuidados contra a Covid-19?

O exagero não veio só pela direção da Casa. Veio, inclusive, pelo Governo do Estado. A gente pode tirar como exemplo Brasília, que não fechou a Casa. Brasília recebe deputados de todo o País e, durante todo o período da pandemia, funcionou. Aqueles que tinham comorbidades faziam exceções virtuais, como estamos fazendo na Assembleia. Mas o tempo todo o plenário estava aberto para os deputados. Até porque, sempre digo que o que faz mover o Parlamento são exatamente as discussões no plenário. Infelizmente, no período da pandemia não tivemos aqui na Casa. Respeito a decisão que o presidente junto com a Mesa Diretora tomou, mas desde o começo achei que foi uma decisão não acertada. A Câmara de Vereadores na nossa capital também não parou de funcionar.

O senhor também foi contra as medidas restritivas que fecharam, por exemplo, os estabelecimentos comerciais?

Coloco o meu ponto de vista e respeito sempre os pontos de vista de todo mundo, mas preciso expor o meu e, na condição de parlamentar, mais ainda preciso colocar isso. E dentro do segmento que represento, um segmento evangélico da Igreja Assembleia de Deus, vários prefeitos baixaram decretos, [impediram], inclusive, de ter culto nas igrejas, ferindo a própria Constituição que me dá a liberdade de culto. Os prefeitos fizeram isso e o governo também, baixando decretos, fechando estabelecimento comercial. Hoje a gente vê que a economia começa a sentir também o efeito mais drástico da pandemia, vários estabelecimentos comerciais fecharam as portas, pessoas ficaram desempregadas. Acho que, talvez, até no desejo de acertar, vários governantes, e aí eu incluo o governador, exageraram. É lógico que sempre tem que se preocupar com as vidas, mas esse exagero a gente poderia ter administrado.

Como avalia o desempenho da Assembleia durante o período da pandemia?

Muito tímido. E falo isso porque já tive oportunidade de falar ao ex-presidente Nelson Leal, ao atual presidente Adolfo [Menezes]. A gente só se reuniu pra votar projeto do Executivo. Não que eu seja contra, mas somos 63 deputados, 63 cabeças, 63 pensamentos, 63 pessoas que representam a sociedade. A gente tem vários projetos. Não tenho dúvida de que, colocados esses projetos, a gente ajudaria, e muito, a população baiana. Só que, infelizmente, a gente acaba não pautando isso. Acaba sendo apenas um parlamento a serviço do Executivo. Os poderes precisam de uma harmonia natural, mas precisam ter independência. E uma forma de mostrarmos nossa independência é também a gente pautar os projetos dos deputados.

O que é preciso para essa situação se tornar uma realidade?

O maior problema, e é um problema até burocrático, é que a gente tem o líder do governo, o da oposição e acaba não tendo um líder dos deputados que faça a interlocução entre o líder do governo e o da oposição, representando o parlamento como um todo. O próprio Regimento Interno diz que [os projetos dos deputados] precisam passar pelos trâmites das comissões ou pela dispensa de formalidade. E essa dispensa de formalidade só se dá com o líder do governo e o da oposição. Acabam os dois se entendendo dessa forma. Acho também – e aí com muito respeito, até porque eu aprendo desde o berço a respeitar quem Deus colocou como meu líder, hoje Adolfo [Menezes] – que falta boa vontade. O presidente poderia ser esse líder dos deputados colocar também – porque quem faz a pauta do dia é a presidência – projetos dos deputados. Exigir que a Comissão de Constituição e Justiça dê celeridade pra que passem pelas [outras] comissões e a gente possa votar vários projetos. Fui membro da CCJ, lá tem mais de cinco mil projetos e a gente não pauta.

Quais são suas principais bandeiras, deputado?

Defender a família tradicional e o segmento evangélico. E me permita fazer um comentário: respeito todas as pessoas, opiniões, as opções de natureza religiosa, sexual, mas não podemos permitir que a inversão de valores que a gente vê nos últimos dias se faça, em especial, com as nossas crianças. A Bíblia diz “ensina a criança no caminho em que deve andar, e, quando ela crescer, não vai se desviar”. Lógico que quando tiver maturidade pra ter sua opção religiosa, sexual, que siga seu fluxo. Mas hoje a gente vê uma inversão de valores.

Inclusive, não faz muito tempo, o senhor criticou em suas redes sociais a publicação de uma história em quadrinhos em que o Super-Homem aparece como bissexual. Como o senhor avalia o entendimento de que uma crítica como essa representa discriminação e preconceito contra a liberdade de gênero?

Se a pessoa tem a sua opção, deixa ela ter quando amadurecer. Na cabeça da criança, é exatamente o que falei, é inversão de valores. E acho que não fiz um ato homofóbico. O fato de manifestar o que penso, sinto ou entendo, isso é homofobia? Faço parte de uma família tradicional. Sou pai de uma menina de doze anos e de um rapaz de 16 e estou ensinando a eles o que entendo que é certo pra mim. Amanhã podem entender de forma totalmente diferente. Preciso respeitar como pai, não deixarão de ser meus filhos. Mas oro e torço pra que sigam os caminhos que fui ensinado e ensino a eles.

O senhor é autor de um projeto de lei já aprovado pela Assembleia Legislativa que proíbe a participação obrigatória de alunos em atividades de cunho religioso, inclusive disciplinas ligadas a religião. Qual tem sido a efetividade dessa lei?

Primeiro, uma explicação: atividades valendo ponto. Fui procurado por uma mãe da igreja à qual faço parte, questionando por que o seu filho estava sendo obrigado a participar de uma atividade extracurricular que valia ponto e de cunho religioso. Ela estava vendo que a atividade feria os seus princípios religiosos. Foi o que me despertou e criamos esse projeto. Ele proíbe que o professor obrigue o aluno tanto da rede pública quanto da rede particular a fazer esse tipo de atividade valendo ponto. Se o professor quiser fazer a atividade e o aluno não quiser ou não puder participar porque fere seus princípios religiosos, que faça outra atividade pra o aluno não ser penalizado. A lei não é apenas para o segmento evangélico, é para o segmento religioso como um todo. Apesar de a gente não ter fiscalização, eu fiz a publicidade que me caberia fazer e até então não tenho recebido reclamação.

Sobre política, deputado, o senhor já disse que não se considera um bolsonarista mas defende o governo Bolsonaro. Posição que provoca um mal-estar dentro do PDT, seu partido, que faz oposição ao governo federal. Como explica essa situação?

Sempre digo que o que Bolsonaro defende como presidente é coisa que nós sempre defendemos como evangélicos. Tem coisa que ele exagera um pouco, mas, em tese, os princípios que defende são os princípios que a igreja sempre defendeu. Quando digo que não sou bolsonarista, é porque não sigo Bolsonaro cegamente. O que é pra discordar, discordo com tranquilidade. Mas em várias pesquisas, em especial dentro do segmento evangélico, posso lhe assegurar que 80% avaliam como bom o governo Bolsonaro. Tem suas falhas? Como todo governo. Mas defendo Bolsonaro.

Quais os principais méritos e deméritos do governo Bolsonaro?

O demérito é que ele fala demais. É um camarada, a gente pode observar, muito sanguíneo, que acaba respondendo a provocações de um jeito que não cabe como presidente. O maior mérito é, pelo menos até então, a gente não ter nenhuma prova de corrupção dentro do seu governo.

O senhor se considera um estranho no ninho dentro do PDT?

É o casamento que foi para aquele momento. Tenho um parceiro que é o deputado federal Alex Santana, fomos convidados juntos para estar no PDT, mas deixei muito claro, quando estava chegando, quais eram nossos posicionamentos, o que acreditávamos, defendíamos. Acho que o presidente [estadual do PDT, deputado federal] Félix [Mendonça], e o presidente [nacional do partido, Carlos] Lupi não têm nenhuma surpresa com o posicionamento que estamos tendo hoje. Foi uma condição que falamos naquela época. Estamos respondendo a um processo no Conselho de Ética do PDT. Como a gente está a alguns meses da janela partidária, vamos aguardar, ver como vai ficar essa decisão, pra que possamos definir em que ninho vamos pousar.

O senhor tem manifestado o desejo de se candidatar mais uma vez à presidência da Assembleia. Já o fez em 2020 mas não teve êxito. O que tem como argumento para convencer seus pares a concretizar esse propósito?

Todo soldado quando entra no quartel, o sonho dele é um dia ser o comandante geral. Cheguei na Assembleia como servidor em 2003. Hoje estou exercendo o meu segundo mandato como deputado. E quando você falou que não tive sucesso, na verdade retirei a candidatura, entendendo que estávamos participando, na candidatura do Adolfo, de um acordo em que todos concordamos. Se Deus me der oportunidade de renovar meu mandato, quem sabe posso colocar meu nome à disposição dos colegas, entendendo que atenderei bem aos servidores, porque fui servidor durante muitos anos na Casa, e posso também atender muito bem aos meus colegas, porque estou exercendo meu segundo mandato. Mas, acima de tudo, porque vou no contraponto dos presidentes que já passaram, de a gente colocar projetos dos deputados pra votar. Pode ser até que o projeto não seja aprovado, mas quando trago ele pro plenário, trago pra o meio da discussão. Eu conseguiria dar essa dinâmica maior. E o fator mais importante é que não pertenço a grupo político. Eu respeito, volto a dizer, gosto muito da palavra respeito, mas não pertenço a grupo político. Sou um menino, um jovem da Igreja Assembleia de Deus. Lógico que, pra estar candidato, a gente se filia a um partido e esse partido tem direcionamento a um grupo político. Mas sou independente. O meu partido vai ser sempre a igreja que represento.

Impactos financeiros nas empresas por conta da Covid-19 preocupam Samuel Junior

Repúdio aos decretos de fechamento total das igrejas

Preocupado com os impactos financeiros decorrentes da crise na saúde, o deputado Samuel Junior (PDT) indicou ao governador Rui Costa e ao presidente da União de Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, a dispensa do pagamento de taxas estaduais e municipais às empresas que necessitarem encerrar suas atividades por conta da pandemia do coronavírus. Segundo o parlamentar, o objetivo é evitar o prejuízo além do fechamento das organizações.  

“Num momento crítico com esse, não podemos permitir que tais vítimas tenham dificuldade de darem baixas em suas empresas, pelo pagamento de taxas. Razão pela qual propomos a isenção, tanto no âmbito municipal quanto estadual”, justificou.

Samuel Junior acredita que a crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus resultará em grandes perdas para o Brasil, sobretudo para a Bahia. “Já no começo da crise, avaliações davam conta de que 80% dos pequenos lojistas quebrariam, caso os shoppings centers fechassem”, analisou.

O parlamentar ressaltou que ainda no mês de abril, 600 mil pequenas empresas fecharam as portas por conta da pandemia. O pedetista disse ainda que acredita que novas falências devem acontecer até o final do isolamento social.

Samuel Junior solicita respiradores para o Hospital de Camacan

O deputado Samuel Jr. (PDT) solicitou  ao governador Rui Costa e ao secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas, que enviem respiradores para a Fundação Hospitalar Mata Atlântica de Camacan. Os equipamentos são para uso dos pacientes da Covid-19. 

Na indicação que apresentou à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) onde oficializa o pedido, o pedetista realçou que o Governo do Estado “tem se esforçado para adquirir respiradores e investido muito para preservar vidas”, e adiantou que a Fundação é uma  unidade hospitalar “ importante para o povo do Sul da Bahia”.  

Governo da Bahia poderá prorrogar calendário de pagamento do IPVA em 90 dias

Proposta do deputado Samuel Junior visa amenizar impacto econômico para os contribuintes de todo o estado

Com o objetivo de minimizar o impacto econômico para os contribuintes baianos nesse período de pandemia, o deputado estadual Samuel Junior (PDT), encaminhou para o governador Rui Costa um projeto de indicação que propõe a prorrogação do prazo para pagamento tanto do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) quanto do licenciamento veicular por 90 dias em toda Bahia.

“Não é momento de somente a população se sacrificar. Infelizmente, o poder público tem que oferecer sua parcela de sacrifício para ajudar nossa gente a sair dessa crise. A economia de nosso país está parcialmente paralisada por conta dessa crise internacional. Alguns setores não terão condições de arcar com seus compromissos. Outros, terão suas receitas reduzidas drasticamente, especialmente profissionais liberais, motoristas de aplicativo, entre outros. Prorrogar por 90 dias os prazos para pagamento desses impostos é uma medida razoável visto o cenário adverso que estamos enfrentando”, justificou o pedetista.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia possui mais de 4,1 milhões de veículos. O número representa a sétima maior frota entre os estados brasileiros.

Servidores públicos estaduais da Bahia podem ter parcelas de empréstimos suspensas por três meses

A modalidade de empréstimo a servidores estaduais com desconto direto no contracheque pode ser suspensa pelos próximos 90 dias na Bahia. A proposta é do deputado estadual Samuel Junior (PDT).

O atual cenário por conta da Covid-19, coronavírus, paralisou diversos estabelecimentos e comércios, que complementavam a renda de muitas pessoas, inclusive da categoria de profissionais da rede estadual.

“Medidas financeiras de urgência, como empréstimos são tomadas, muitas vezes, contando com a renda total da casa. Precisamos tranquilizar os servidores que tiveram a redução em seu orçamento familiar, em consequência do isolamento social proposto pelo coronavírus adotando ações que minimizem os impactos vividos atualmente”, explicou Samuel.

Caberá a Secretaria de Administração do Estado (Saeb) proceder ao correspondente desconto em folha e respectivo repasse ao banco correspondente. Algumas instituições bancárias privadas já sancionaram a suspensão das taxas no país.